terça-feira, 1 de março de 2016

Afinal... por que lutamos?

por Cássio Diniz*


Na noite da última segunda-feira fui surpreendido por um comentário em uma postagem de divulgação, no qual convocávamos os trabalhadores em educação da rede municipal de Caxambu a participarem de uma manifestação em frente a prefeitura. O comentário dizia: “Desculpa, manifestação nao (sic) paga conta eu quero meu dinheiro”. Pode parecer um desabafo simples, porém, expressa um atraso na consciência que tem contribuído para a continuidade das mazelas pelos quais passam os trabalhadores, não somente em Caxambu, como no Brasil e no mundo. Infelizmente, a ideologia que prega o individualismo e o absenteísmo frente às lutas coletivas e sociais persiste nas mentes de muitos colegas trabalhadores, postura a qual, os patrões e governam adoram, pois dividem a classe e impedem a existência de lutas.

É uma realidade que nós trabalhadores sofremos a opressão do capital privado e a repressão do Estado (conjunto de instituições que administram o bem público). No entanto, as muitas conquistas que obtivemos ao longo do último século – salário mínimo, leis trabalhistas, garantias sociais, sufrágio universal, a democracia, etc (que hoje estão ameaçados) – foram frutos de muita luta coletiva. Ou seja, os trabalhadores no Brasil e no mundo lutaram por meio de mobilizações, greves, atos de rua, ocupações, organizando sindicatos, etc., para que hoje possamos usufruir desses direitos. Nada foi ganho de graça, de um político bonzinho, de um patrão filantropo ou de um “messias” salvador da pátria, mas sim foi graças à ação direta dos trabalhadores.

Muitos lutaram e até morreram nesse processo. Por isso, precisamos respeitar o legado e o aprendizado que eles nos deixaram.

Quando hoje ouvimos expressões como acima citada, percebemos que a consciência de classe de parte dos trabalhadores está muito atrasada, principalmente em Caxambu. Reclamar dos problemas, mas se negar a lutar com os seus irmãos/companheiros, é a mesma coisa que se entregar frente o inimigo, e aceitar o cabresto de livre e bom grado.

Um sindicato é um instrumento fundamental dos trabalhadores. Inventado no século XIX, as entidades sindicais são nada mais nada menos que determinada categoria de trabalhadores organizada. Não se resume a um prédio ou aos seus diretores sindicais, mas o sindicato são todos os trabalhadores! Sem a participação de determinada categoria (ou de toda classe, no caso de uma central sindical), nunca que um sindicato conseguirá uma conquista importante. Para exemplificar, uso a analogia do martelo.

Um martelo é um instrumento importante. Ele serve para pregar, por exemplo, um prego na parede. Sem ele, não conseguimos prender o prego. Porém, se não for a nossa mão, o nosso braço, o nosso corpo a manejá-lo, nunca que o martelo irá sair voando sozinho em direção a parede para pregar o prego. Explicando melhor a analogia, o martelo é o sindicato, a mão, o povo.

Cada luta é um desafio. Se as lutas fossem fáceis, estaríamos vivendo em um mundo totalmente diferente. Contudo, são elas que nos permitem sobreviver. São elas que mostram a nossa indignação. São elas que conseguem um pouco de vitórias. Abaixar a cabeça, se individualizar, e condenar os outros que fazem alguma coisa, só irá fazer com que aquele que te oprime bata palmas e escancare um sorriso sarcástico para você.

*Cássio Diniz: graduado em História, mestre em Educação e doutorando em Educação. Professor de História da rede básica estadual e da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Também é diretor estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais - Sind-UTE/MG - e coordenador da subsede Caxambu.

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