domingo, 4 de dezembro de 2016

Educação e Resistência como meios de aprendizado - Professor Miguel Arroyo defende uma educação livre com referência nas lutas e resistências

Na abertura do primeiro dia da VIII Conferência Estadual de Educação do Sind-UTE/MG, o professor emérito da UFMG, Miguel Arroyo, falou sobre “Educação e Resistência” durante a abertura do encontro. Segundo ele, a educação não é o primeiro direito do ser humano, mas só acontece ao lado dos demais direitos humanos básicos. A escola não é o lugar apenas do direito à educação, mas, antes de tudo é o lugar do direito à vida, da proteção das crianças e adolescentes que a sociedade insiste em excluir.

“Eu já vivi três ditaduras. A primeira em minha terra, Espanha, com a ditadura de Francisco Franco. A segunda, em 1964, nesse país. Agora, vivo a terceira com um Governo ilegítimo retirando os direitos fundamentais da sociedade, em especial, do trabalhador. E vejo que em todas elas, a resistência e a manifestação contra os regimes autoritários e arbitrários começaram pela educação", afirmou.

Luta e educação devem caminhar juntos na sua visão. Também nesse sentido, o Sind-UTE/MG faz um papel importante de articulação com outros movimentos para resistir e fazer frente aos opressores dos direitos sociais e trabalhistas. “O Sind-UTE/MG nasce como resistência à Ditadura de 1964. E o movimento mais presente contra a Ditadura Militar foi o movimento docente, e quando este reage a uma ditadura, o movimento não é mais o mesmo, a educação passa a ser outra. É no lutar que se educa. "O que educa são os movimentos do campo, dos negros, quilombola, das mulheres, e não essa educação de contar, racionar, nesses moldes”, ponderou.

Golpe

Para Miguel Arroyo, o golpe não foi contra a Presidenta, mas contra a figura da primeira mulher presidenta da história brasileira. "Foi um golpe sexista, machista, classista e racista, e os maiores golpeados foram os negros, indígenas, trabalhadores e as mulheres. Queria terminar essa Conferência com um compromisso entre nós: sermos guardiães dessa resistência e dessa educação libertadora”, finalizou.

No debate sobre as novas resistências, Arroyo nos lembrou que este golpe de estado é a reaproximação do estado pela elite e nos alerta: "recuperemos a escola pública e estaremos recuperando o Estado público". E finaliza alertando: não "nos dispersemos!"

Professor Miguel Arroyo, durante Conferência Estadual da Educação (30/11/16)


Participantes da VIII Conferência Estadual de Educação (30/11/16)

Fotos: Lidyane Ponciano FotoImagem / Sind-UTE/MG

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