terça-feira, 12 de julho de 2016

Encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano debate "Educação Pública, Democracia e Resistências"

Cerca de 500 educadores e educadoras, filiados/as ao Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), das redes estadual e municipais, e lideranças docentes do Brasil, Honduras, Argentina, Paraguai, Venezuela e México, participam, dias 7 e 8 de junho, em Belo Horizonte, do Encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano, que coloca em debate, a temática “Educação Pública, Democracia e Resistências”. 

Para o Sind-UTE/MG é esse um momento mais que oportuno para se fazer o debate e conhecer as realidades da educação pública dos países latino-americanos “Estamos envolvendo trabalhadores e trabalhadoras em educação da rede estadual e das redes municipais filiadas ao Sindicato para debatermos acerca das experiências dos povos latinoamericanos, que enfrentaram golpes de estado, governos neoliberais e discutindo sobre as consequências dos golpes para a educação. Importante percebemos como em outros países, os profissionais da educação articularam e articulam resistências”, afirmou a coordenadora-geral do Sindicato, professora Beatriz Cerqueira. 


Nas falas que se sucederam, foram considerados os muitos desafios que vão exigir da classe trabalhadora e dos movimentos sociais e populares mais união em torno de objetivos comuns, já que depois do golpe, o que vem são perdas de direitos e garantias. 

Reflexão

O presidente da CNTE e vice-presidente da Internacional da Educação (IE) Roberto Franklin de Leão fez falou de várias ofensivas neoliberais que o Brasil enfrenta de desmonte das políticas sociais e convidou a todos para uma profunda reflexão na construção de uma educação libertadora. 

Ele lembrou a importância de se relacionar com movimentos latinoamericanos, para consolidar essa força e referenciou a memória do educador Paulo Freire, que vem sendo deturpada por aqueles que defendem a educação como método de adestramento de pessoas. “Vínhamos construindo um projeto autônomo e libertador e um estado forte, que agora dá lugar ao estado mínimo, submisso às leis do mercado e que adota a política do abandono”, contextualizou.


Luta coletiva 

A força e a garra transformadoras da juventude, que tem se posicionado com vigor contra o golpe, os processos de privatizações da escola pública, da Petrobras, contra o capitalismo selvagem que saqueia e ameaça a soberania e a riqueza do nosso país, foram evocadas pela Secretária de Relações Internacionais da CNTE e Vice-presidenta da Internacional da Educação para América Latina (IEAL), Fátima Silva.

Ela também agradeceu a todos pela oportunidade do debate, ressaltando que esse é o primeiro encontro regional no Brasil. "Nos orgulha muito a luta coletiva. O momento pelo qual passa a América Latina exige diálogos específicos e queremos com esse encontro ouvir essas vozes”, destacou. 


E para que um encontro como esse? 

Ao responder a essa indagação, Fátima Silva, afirmou que é preciso fazer o debate, conhecer as realidades que nos cerca, para que possamos agir localmente e pensar globalmente, de maneira conjunta e coesa, com vistas a fortalecer a luta por uma educação emancipadora. Um exemplo dessa força aglutinadora vem da juventude, que segundo ela, tem sido o que há de mais belo no Brasil e na América Latina. 

As lutas da União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), com suas resistências e ocupações das escolas, têm fortalecido a luta contra a privatização da educação. A resistência que os jovens vêm fazendo ao governo interino e golpista de Michel Temer, que também são determinados ao dizer “Fora Aécio!” mereceram destaques nas falas da estudante Júlia Louzada, do Levante Popular da Juventude. "Seja na resistência, seja na conquista de novos direitos e avanços, estamos juntos na América Latina para construirmos uma identidade forte."


Para a estudante, os jovens da América Latina estão hoje carregando a identidade da juventude campesina, indígena, dos estudantes secundariatas e universitários, e também dos jovens da periferia que ainda não têm acesso à escola pública. 

Exemplo 

O Secretário Geral da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho, agradeceu a oportunidade dos educadores/as partilharem, mais uma vez seus conhecimentos e suas lutas, com as demais categorias de trabalhadores, lembrando que Central tem papel preponderante na defesa de direitos de quem trabalha. 


“Vocês nos ensinaram em 2011 muito do processo de resistência, com a criação do Quem Luta, Educa e, agora, de novo, num tema como esse de democracia e resistências, de tantas turbulências, em que vários companheiros de outras categorias se recolhem na questão do golpe, vocês estão aqui com plenário cheio mostrando que é possível resistir. Isso nos fortalece e nos encoraja.”

Não vamos nos iludir 

Ao parabenizar o movimento pedagógico latinoamericano, Joceli Andrioli, da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), mencionou o último período histórico em que, segundo ele, a classe trabalhadora foi levada a se iludir na possibilidade de uma convivência harmoniosa de classes e que, para isso, bastava apenas fazer belos acordos e belas negociações. “Com isso, perdeu-se a questão central que é a capacidade ideológica de se colocar como ator e sujeito da história. Então, a resistência implica em termos criatividade e sabedoria para darmos passos conjunturais e estratégicos e derrotar o capitalismo.”


Também alertou para a lógica da burguesia de tornar tudo o que é publico privado a fim de aumentar as taxas de lucro dos capitalistas. Neste contexto, ele disse que privatizar a educação é um carro-chefe do governo golpista, pois está em disputa uma grande parcela do orçamento. Outro alerta veio no sentido de que é preciso ficarmos atentos para as ameaças impostas à educação. “Para os inimigos, ela significa uma ferramenta de adestramento de trabalhadores e não de emancipação humana como dizia Paulo Freire”. 

Trabalhadora da Saúde, Dehonara de Almeida, representando a Marcha Mundial de Mulheres, ressaltou a importância das mulheres na luta contra a opressão e o machismo.


“Esse golpe é também contra as mulheres, porque não teremos políticas públicas de saúde e educação e isso significa sobrecarga de trabalho para todos nós”. Fazer o debate de gênero nas escolas e o cuidado da vida humana em detrimento do capital e do lucro foram citados por ela como fundamentais para o processo de emancipação das pessoas.

07/07/2016 – Mais de 500 educadores/as participaram o Encontro





07/07/2016 – Mais de 500 educadores/as participaram o Encontro

Textos: Studium Eficaz e Fotos: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG

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