O blog do Sind-UTE/MG subsede Caxambu publica hoje mais uma matéria do site Ninja sobre o Projeto de Lei "Escola Sem Partido", que visa impor uma série de medidas que ataca a liberdade de expressão e a liberdade de cátedra dos professores. Em outras palavras, é mais uma ofensiva conservadora que objetiva destruir as iniciativas educacionais que buscam a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, sem ódios e aberta para tod@s.
O que há de novo sobre o Escola Sem Partido
por NINJASeguir
Assessor a favor do projeto é contratado e logo demitido do MEC; é criada a Frente Nacional contra o Escola Sem Partido
A contratação de Adolfo Sachsida para o cargo de assessor especial do Ministro da Educação, Mendonça Filho, gerou polêmica essa semana. No último dia 11, o economista do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) teve a sua nomeação divulgada no Diário Oficial da União. O cargo era ligado diretamente ao Ministro e gerou grande repercussão porque Sachsida é defensor assíduo do Escola Sem Partido.
A notícia bombou na internet, onde ele possui grande notabilidade, pois possui um canal no Youtube em que faz discussões sobre temas de direita. Um dos entrevistados de seus vídeos foi o gestor da ONG Escola Sem Partido, Miguel Naguib, em que eles discutiram os resultados possíveis do programa em caso aprovação. Em sua página no Facebook, ele se define: "pró vida", "propriedade privada", "conservadorismo moral" e "liberdade econômica.
No dia seguinte à admissão, o sonho acabou. A repercussão negativa que pesou sobre a decisão do Ministro de trazer para o centro do MEC um dos principais defensores de uma lei que cerceia os direitos de professores nas salas de aula, fez com que o ministro desse um passo atrás e exonerasse Sachsida.
Movimentos sociais se unem na Frente Nacional contra Escola Sem Partido
Composta por entidades sindicais, estudantis, partidos políticos, movimentos sociais e populares, a Frente Nacional contra a Escola Sem Partido é o primeiro agrupamento dessa magnitude a se posicionar com o objetivo único de bloquear o projeto de lei.
Diversas entidades estudantis que vêm ocupando escolas contra o sucateamento do ensino público em todo o Brasil, também compareceram e relataram sua experiência com a violência da contra corrente conservadora que está se posicionando fortemente contra a primavera secundarista.

Foto: Mídia Ninja
A presidente da UBES, Camila Lanes, participou do evento e respondeu algumas questões sobre o projeto e a Frente.
[NINJA] Qual é a importância de uma frente nacional contra o projeto?
[Camila] Hoje temos no Brasil uma ofensiva conservadora que cresce a cada dia. O projeto ESP não está nas casas legislativas de todo o país, porém, no congresso nacional ele tem sido colocado cotidianamente em pauta.
A construção de uma frente nacional que se posicione e principalmente construa a unidade entre os movimentos educacionais e sociais é de extrema importância. Nela vamos conseguir articular toda a ação para conquistar a opinião pública sobre o quanto o PL da mordaça é nocivo para a educação brasileira.
[NINJA] O que a UBES acha desse projeto?
[Camila] O PL da mordaça é apenas a cereja do bolo do desmonte e sucateamento da educação no Brasil.

Foto: Mídia Ninja
Há algum tempo que nosso país não se dedica em enfrentar um dos nossos principais desafios: transformar a educação básica. Se antes do golpe, nós andávamos a passos de tartarugas, hoje estamos de ré!
O ESP, a volta da DRU, o sistemático projeto de privatização do ensino público, são algumas das partes que estão sendo colocadas para diminuir a responsabilidade do Estado sobre a nossa formação. A censura, perseguição e a tentativa de desestruturar toda a livre organização são só o começo de todo uma ponte para o passado que estamos enfrentando no Brasil.
[NINJA] Há pessoas nesse movimento que criticam as entidades estudantis e denunciam uma suposta "contaminação ideológica" de esquerda e dos partidos através do controle que possuem há muitos anos delas. Como você analisa isso?
[Camila] Uma análise precipitada e muitas vezes feita de má fé. As entidades estudantis são amplas e hoje se estruturam com diferentes organizações. Na UBES tem espaço para todos os tipos de pensamento, a UBES não é um grupo de amigos, a UBES é uma entidade estudantil que hoje dialoga com mais de meio milhão de estudantes por todo o país.
As entidades têm um papel importante na luta pela democracia e um país soberano, e com nossa forma de organização nós conseguimos dialogar com vários estudantes e organizações. Por fim, passamos do momento na história em que perseguir quem é organizado era a chave para o silêncio e a omissão. Mas passou. Hoje nós, estudantes, podemos ou não nos organizar, isso é importante.
A democracia e a unidade interna e externa é mais importante do que as decisões pessoais e críticas que não servem para construir e sim somente criminalizar, e esse é o nosso diferencial. Estamos abertos para todos os diálogos, basta respeito.