sexta-feira, 22 de julho de 2016

Debate parte 2: O que há de novo sobre o "Escola Sem Partido"

O blog do Sind-UTE/MG subsede Caxambu publica hoje mais uma matéria do site Ninja sobre o Projeto de Lei "Escola Sem Partido",  que visa impor uma série de medidas que ataca a liberdade de expressão e a liberdade de cátedra dos professores. Em outras palavras, é mais uma ofensiva conservadora que objetiva destruir as iniciativas educacionais que buscam a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, sem ódios e aberta para tod@s.

O que há de novo sobre o Escola Sem Partido
por NINJASeguir


Assessor a favor do projeto é contratado e logo demitido do MEC; é criada a Frente Nacional contra o Escola Sem Partido

A contratação de Adolfo Sachsida para o cargo de assessor especial do Ministro da Educação, Mendonça Filho, gerou polêmica essa semana. No último dia 11, o economista do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) teve a sua nomeação divulgada no Diário Oficial da União. O cargo era ligado diretamente ao Ministro e gerou grande repercussão porque Sachsida é defensor assíduo do Escola Sem Partido.

A notícia bombou na internet, onde ele possui grande notabilidade, pois possui um canal no Youtube em que faz discussões sobre temas de direita. Um dos entrevistados de seus vídeos foi o gestor da ONG Escola Sem Partido, Miguel Naguib, em que eles discutiram os resultados possíveis do programa em caso aprovação. Em sua página no Facebook, ele se define: "pró vida", "propriedade privada", "conservadorismo moral" e "liberdade econômica.

No dia seguinte à admissão, o sonho acabou. A repercussão negativa que pesou sobre a decisão do Ministro de trazer para o centro do MEC um dos principais defensores de uma lei que cerceia os direitos de professores nas salas de aula, fez com que o ministro desse um passo atrás e exonerasse Sachsida.

Movimentos sociais se unem na Frente Nacional contra Escola Sem Partido

Composta por entidades sindicais, estudantis, partidos políticos, movimentos sociais e populares, a Frente Nacional contra a Escola Sem Partido é o primeiro agrupamento dessa magnitude a se posicionar com o objetivo único de bloquear o projeto de lei.

Diversas entidades estudantis que vêm ocupando escolas contra o sucateamento do ensino público em todo o Brasil, também compareceram e relataram sua experiência com a violência da contra corrente conservadora que está se posicionando fortemente contra a primavera secundarista.

Foto: Mídia Ninja
Foto: Mídia Ninja

A presidente da UBES, Camila Lanes, participou do evento e respondeu algumas questões sobre o projeto e a Frente.

[NINJA] Qual é a importância de uma frente nacional contra o projeto?

[Camila] Hoje temos no Brasil uma ofensiva conservadora que cresce a cada dia. O projeto ESP não está nas casas legislativas de todo o país, porém, no congresso nacional ele tem sido colocado cotidianamente em pauta.

A construção de uma frente nacional que se posicione e principalmente construa a unidade entre os movimentos educacionais e sociais é de extrema importância. Nela vamos conseguir articular toda a ação para conquistar a opinião pública sobre o quanto o PL da mordaça é nocivo para a educação brasileira.

[NINJA] O que a UBES acha desse projeto?

[Camila] O PL da mordaça é apenas a cereja do bolo do desmonte e sucateamento da educação no Brasil.

Foto: Mídia Ninja
Foto: Mídia Ninja

Há algum tempo que nosso país não se dedica em enfrentar um dos nossos principais desafios: transformar a educação básica. Se antes do golpe, nós andávamos a passos de tartarugas, hoje estamos de ré!

O ESP, a volta da DRU, o sistemático projeto de privatização do ensino público, são algumas das partes que estão sendo colocadas para diminuir a responsabilidade do Estado sobre a nossa formação. A censura, perseguição e a tentativa de desestruturar toda a livre organização são só o começo de todo uma ponte para o passado que estamos enfrentando no Brasil.

[NINJA] Há pessoas nesse movimento que criticam as entidades estudantis e denunciam uma suposta "contaminação ideológica" de esquerda e dos partidos através do controle que possuem há muitos anos delas. Como você analisa isso?

[Camila] Uma análise precipitada e muitas vezes feita de má fé. As entidades estudantis são amplas e hoje se estruturam com diferentes organizações. Na UBES tem espaço para todos os tipos de pensamento, a UBES não é um grupo de amigos, a UBES é uma entidade estudantil que hoje dialoga com mais de meio milhão de estudantes por todo o país.

As entidades têm um papel importante na luta pela democracia e um país soberano, e com nossa forma de organização nós conseguimos dialogar com vários estudantes e organizações. Por fim, passamos do momento na história em que perseguir quem é organizado era a chave para o silêncio e a omissão. Mas passou. Hoje nós, estudantes, podemos ou não nos organizar, isso é importante.

A democracia e a unidade interna e externa é mais importante do que as decisões pessoais e críticas que não servem para construir e sim somente criminalizar, e esse é o nosso diferencial. Estamos abertos para todos os diálogos, basta respeito.

Assembleia das Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e do Órgão Central da SEE, com paralisação de atividades

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais convoca os servidores das Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e do Órgão Central da SEE para assembleia com paralisação de atividades, no próximo dia 27 de julho. A assembleia acontecerá no auditório do Conselho Reginonal de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA/MG), à Av. Álvares Cabral, 1600, em Belo Horizonte.


Carta de Minas - Encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano sobre Educação Pública, Democracia e Resistências (Português)

Nós, Trabalhadores e trabalhadoras em educação da educação básica da rede pública de Minas Gerais, reunidos em Belo Horizonte, nos dias 7 e 8 de julho, no Encontro Pedagógico Latinoamericano debatemos intensamente sobre Educação Pública, democracia e resistências.

O diálogo que tivemos com os movimentos sociais e sindical do Paraguai, Venezuela, México, Honduras e Argentina durante o Encontro evidenciaram os ataques que hoje a democracia representativa tem recebido em nossos países. Um outro sistema político, que atenda aos interesses da maioria da população, que coloque a política a serviço do bem do povo e não dos interesses privados, faz-se cada vez mais urgente. No diálogo com nossos irmãos Latinoamericanos vimos como a escola pública sofre forte ataque e corre riscos de privatização.

Leia mais na carta abaixo, clicando nela:


sábado, 16 de julho de 2016

Ato público em defesa da educação

O Encontro Pedagógico Latinoamericano sobre Educação Pública, Democracia e Resistências foi encerrado com um ato público, que marcou a posição dos educadores e educadoras, mais uma vez, em defesa da democracia e da educação pública, contra o golpe, contra a política imposta pelo governo interino e golpista de Michel Temer e contra todo tipo de opressão e de mordaças. 


Com balões vermelhos, velas acesas e tiras de pano preto na boca os participantes do Encontro, lideranças sindicais e populares desceram, em passeata, da Av. Espírito Santo até à Avenida Afonso Pena e se concentraram na Praça Sete, em frente ao monumento do Pirulito, no centro da cidade. 


Em sinal de protesto contra todas as medidas anunciadas e que visam retirar direitos e silenciar a voz da classe trabalhadora e contra o projeto da direita "Escola sem partido" os manifestantes usaram uma tarja preta no rosto como um sinal de resistência. As velas simbolizaram a luz e resistências que educadores e educadoras pretendem ser num momento da conjuntura política onde pessoas como Alexandre Frota é referência para o ministro da Educação.


“Estamos aqui com a IEAL, com a CNTE, a CUT e o Sind-UTE/MG para dizer Fora Temer e Fora todo tipo de opressão e de retirada de direitos. Não aceitaremos imposições, não iremos nos curvar”, disse a vice-presidenta da Internacional da Educação, Fátima Silva, conclamando a todos e todas para fortalecer a voz dos/as educadores/as e, assim, dizer “Não” a esse governo de exceção.


“O que estamos vendo acontecer na saúde e educação, os meios de comunicação, a grande imprensa não te conta. Estão retirando recursos importantes da saúde e da educação, vão acabar com a aposentadoria dos/as professores/as, aumentar o tempo para aposentadoria das mulheres, privatizar tudo o que for possível. É isso o que esse governo golpista pretende fazer”, afirmou a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT/MG Beatriz Cerqueira.

A liberdade foi evocada com soltura dos balões vermelhos que, rapidamente, subiram entre os prédios. “Precisamos continuar a luta em defesa da educação e dos direitos sociais e para que o obscurantismo não se instale na educação”, finalizou Beatriz Cerqueira. Velas acesas foram depositadas na base do monumento do Pirulito como um sinal da luz que precisa tirar o país da escuridão e das trilhas do retrocesso.

08/07/16 - Ato público na Praça Sete - Em nome da democracia e da liberdade!



07/07/16 - Educadores/as exigem respeito e dizem "Não" à escola sem partido!

08/07/16 - Mordaça Jamais! Educadores se manifestam pelo direito de ensinar e educar!


08/07/16 - Balões vermelhos são soltos e Viva a Liberdade!

Textos: Studium Eficaz e Fotos: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG

sexta-feira, 15 de julho de 2016

MetaTV Sind-UTE/MG Caxambu - 01

Esse é o primeiro vídeo de divulgação do Sind-UTE/MG subsede Caxambu, uma nova forma da nossa subsede alcançar os trabalhadores em educação da região. Nesse primeiro programa, um chamado à luta contra a retirada de direitos trabalhistas, contra o PL 257/16 (que acaba com os direitos dos educadores da escola pública) e contra o PL 867/15 - conhecido como Projeto "Escola Sem Partido" e que visa destruir a escola plural e democrática.




quinta-feira, 14 de julho de 2016

O papel da educação, dos educadores e educadoras na resistência democrática

Ao final de dois dias de intensas discussões, coube ao professor e doutor em educação, Gaudêncio Frigotto, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a mesa de encerramento dos debates do Encontro Pedagógico Latinoamericano, em 08 de julho último.

08/07/16 - Professor Gaudêncio Frigotto

Sua intervenção foi sobre o papel da educação, dos educadores e das educadoras na resistência democrática. E, ao buscar inspiração para provocar a reflexão, referenciou o filósofo marxista, Antônio GRAMISCI: “Instrui-vos, porque teremos necessidade de toda vossa inteligência. Agitai-vos, porque teremos necessidade de todo vosso entusiasmo. Organizai-vos, porque teremos necessidade de toda vossa força.”

Frigotto reforçou esse pensamento para falar das oportunidades desse Encontro, por ele definido como um espaço para que todos e todas pudessem juntos - ouvir, pensar e se entusiasmar - na busca de elos profundos de força, para enfrentar as dificuldades. “Resistir na ditadura, ainda que essa tenha encarcerado e matado, do ponto de vista do confronto, sabíamos quem era o inimigo. Mas, agora o inimigo é mais profundo e precisa de mais energia nossa.”

Responsabilidade

Alguns pontos centrais foram colocados à luz do debate e das reflexões pelo professor Gaudêncio Frigotto no contexto da luta e da resistência. Ele exemplificou, aos educadores e educadoras, a responsabilidade de todos e todas no chão da escola, no tipo de aula que dão e da teoria que incorporam para interpretar a realidade.

Aos trabalhadores e às trabalhadoras também falou porque eles precisam de mais força para resistir e superar esse golpe, que é um golpe cínico, neofascista e de pessoas traidoras.

Novamente referenciou o pensador filósofo Gramsci para dizer como ele ensina-nos a avaliar o tempo presente e o feito histórico, para se chegar a esse tempo. A construção coletiva, o não isolamento, o pensar e o agir sem as influências da cabeça de quem coloniza, foram apontados como posturas fundamentais e cotidianas na busca de uma nação soberana e autônoma.

Alguns exemplos, neste sentido, mereceram citações, entre eles: a Semana da Arte Moderna, que aconteceu em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, e que representou um grito de libertação visando romper as tendências artísticas que já vigoravam na Europa.

Outras lutas e resistências

Assim também foram citados os processos de luta e resistências que marcaram a Constituição de 1934, ao admitir, pela primeira vez, o voto feminino, uma vez que até então a mulher era considerada inepta. Esse movimento se deu com o Golpe Vargas e,nessa época, o acesso à educação pública era apenas para uma minoria. Os latifundiários e a burguesia se aliaram à classe política. Entre os seus propósitos estava o desejo de que o cidadão pudesse apenas desenhar o nome e assim poder votar. Neste momento, Vargas cria um sistema educacional financiado com dinheiro púbico, mas com organização privada.

A ditadura Vargas acabou e veio um grande avanço, que se deu a partir da resistência por meio da arte popular, do cinema novo e do teatro de rua. “De pé no chão também se aprende ler e o ícone do letramento para ensinar o brasileiro a ler chama-se Pedagogia do Oprimido, símbolo da resistência. Isso custou a Paulo Freire o exílio”, contou.


Vem o golpe civil-empresarial-militar sustentado pela força do capital, das armas e da violência do Estado, único capaz de calar pela lei, de autorizar a matar por meio da lei. “O golpe civil-militar é o DNA do golpista da classe dominante brasileira e o grande ícone disso tudo é a grande mídia”, disse Frigotto. 

Desqualificação da escola pública

O professor também falou do processo de desqualificação da escola pública, construção remanescente da ditadura através da reforma educacional. Esse processo sustentou a ideia da educação como capital humano, deixando a mesma de ser um direito de todos.

A ditadura começou a criar no imaginário popular, com a ajuda da grande mídia que, se a pessoa quisesse subir na vida teria de ter boa educação. “Mas a boa educação não é ofertada como direito para a classe trabalhadora. As estatísticas mostram que o ideário do capital humano começa a mercantilizar a educação”, diz o professor.

Década de 80

Considerada espetacular no debate educacional, é nessa época que se começa a ligar umbilicalmente a educação às relações sociais. Mas já na década seguinte, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1990), vem o golpe da ditadura de mercado e chega o neoliberalismo dizendo, por meio dos teóricos do capital humano: “se eduque que você será incluído e terá emprego”. Já os teóricos neoliberais, por sua vez afirmam: “não há lugar para todos, só para os mais competentes e não há lugar pra você”. 

Isso, de acordo com Gaudêncio Frigotto é perigoso demais, porque mais um passo adiante vem o individualismo e a dificuldade das pessoas se organizarem em sindicatos. Portanto, a década de 90 é mais perniciosa para a educação até mesmo do que o período da ditadura.

E ao transitarmos pela última década, perceberemos que cresceu ainda mais o papel da educação e das organizações e diversos ganhos foram alcançados pelas classes populares. Foram 18 universidades e mais de 400 institutos federais. “A era Dilma/Lula foi protagonista desses avanços. Só não enxerga isso que está usando topeira. O erro talvez foi não prestamos atenção na privataria que ganhava o Estado por dentro. Fomos perdendo a perspectiva do projeto e a educação pública como mercado ganhou corpo” considerou o professor. 

Cresce a visão econômica de “todos pela educação” e esse sentimento passa a figurar no imaginário coletivo. “Agora, mais que a liberdade de ensinar, querem nos tiram a liberdade de educar. A burguesia, como diz o professor Miguel Arroyo, nunca foi contra a instruir, ela é contra educar"! Ao fazer essa consideração, Frigotto encerrou sua palestra lendo um artigo de sua autoria sobre a Escola Sem Partido. Por fim considerou: “Não somos idiotas, essa mordaça não vingará! Quem tem esse golpe na cabeça é o PSDB porque o PMDB tem pouco crânio, eles são o mordomo da corte”.


08/07/16 - Professor Gaudêncio Frigotto durante palestra

08/07/16 - Encontro prestigiado com a presença de mais de 500 profissionais da educação

08/07/16 - Encontro prestigiado com a presença de mais de 500 profissionais da educação e convidados

Texto: Studium Eficaz 
Fotos: Lidyane Ponciano

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Debate: Escola sem partido - querem calar a educação

O blog do Sind-UTE/MG subsede Caxambu publicará a partir de hoje uma série de matérias sobre o Projeto de Lei "Escola Sem Partido", do site Ninja, que visa impor ao Plano Nacional de Educação uma série de medidas que ataca a liberdade de expressão e a liberdade de cátedra dos professores. Em outras palavras, é mais uma ofensiva conservadora que objetiva destruir as iniciativas educacionais que buscam a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, sem ódios e aberta para tod@s.

Acreditamos na importância de nossa categoria debater esse projeto, compreendê-lo, para fazer o seu enfrentamento coletivo. Boa leitura à todas e todos...

Escola sem partido: querem calar a educação
by Laio RochaFollow , NINJAFollow

Confira como o projeto Escola Sem Partido está se espalhando pelo Brasil


O NINJA começa a partir deste texto uma série de matérias que vão desbaratinar o que é o projeto Escola Sem Partido, a quem pertence e quais os seus objetivos para a educação pública.

A Escola Sem Partido, ou Lei da Mordaça, é um projeto que pretende acabar com o ensino "político-ideológico" das salas de aula. Para os apoiadores dessa ideia, o ensino está "contaminado" por ideologias de esquerda e voltadas para "ideologia de gênero". A bandeira é puxada por pastores evangélicos, políticos e grupos de extrema-direita e vem tomando grandes proporções, tanto no parlamento quanto em universidades e escolas públicas, chegando mesmo à casos de censura e demissão de professores.

Escola Sem Partido
Criadora da ideia, A ONG “Escola Sem Partido” existe há doze anos para combater uma suposta “contaminação político-ideologica” do ensino brasileiro. Identificada como uma organização de pais, alunos, educadores, contribuintes e consumidores de serviços educacionais, ela é gerida pelo advogado Miguel Nagib.

Ele descreve como deve ser o verdadeiro professor “neutro” em sala de aula. Aqui vão alguns “deveres” do professor defendidas pelo grupo:

1. O professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos para promover seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, politicas ou partidárias.
2. O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticasideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.
3. O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participarem de manifestações, atos públicos ou passeatas.
4. Ao tratar de questões políticas, sócio culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos de forma justa - isto é, com a mesma profundidade e seriedade - as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.
5. O professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam educação moral que esteja de acordo com suas próprias concepções.
6. O professor não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ação de terceiros dentro da sala de aula.

Um vírus hackeando as casas legislativas
O site da ONG Escola Sem Partido disponibiliza para consulta e eventual uso os projetos de lei com todas as regras “essenciais” para uma escola "sem ideologia". Com essa facilidade, a lei foi amplamente utilizada por muitos vereadores, deputados estaduais e federais, e até mesmo por senadores.

Nesse momento, tramitam pelo Brasil todo textos integralmente ou parcialmente copiados dodocumento da ONG. Em Alagoas, por exemplo, apenas o nome foi alterado para “Escola Livre”, pelo deputado Ricardo Nezinho (PMDB-AL), o que fez a lei correr sem publicidade e ser aprovada por unanimidade na câmara.


No Senado Federal, o senador e pastor evangélico, Magno Malta (PR-BA), foi quem pautou a PL 193/2016 com o texto exatamente igual ao publicado no site da ONG e trata da inclusão do ESP na Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional.

O processo está agora sob a relatoria do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e já gera polêmica. Isso porquê a audiência pública para debater os termos da PL que deveria acontecer antes do parecer do relator, foi cancelada. Dessa forma, Buarque enviará sua decisão sem dialogar de forma alguma com movimentos sociais e sociedade civil acerca do programa.

No Congresso tramitam seis diferentes propostas, sendo que quatro delas fazer parte da árvore ligada à PL 7180/2014. Há dois anos tramitando sem muito alarde e por duas vezes arquivado, foi o deputado Erivelton Santana, do Partido Social Cristão da Bahia, o mesmo de figuras como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, que pediu o seu desengavetamento no mês de fevereiro. De lá para cá, não houve avanço e no último dia 20 de junho o projeto estacionou, mais uma vez, na Câmara de Conciliação Prévia.

De autoria do deputado federal Roberto Marinho (PSDB-RN), a PL 1411/2015 tipifica o crime de Assédio Ideológico como "toda prática que condicione o aluno a adotar determinado posicionamento político, partidário, ideológico ou qualquer tipo de constrangimento causado por outrem ao aluno por adotar posicionamento diverso do seu, independente de quem seja o agente".

"O indivíduo em formação não possui maturidade intelectual suficiente para fazer juízo de valor acerca de posicionamentos que lhe são apresentados, aproveitando-se o professor dessa situação de vulnerabilidade para impor seus convencimentos ideológicos. É vil a utilização da hipossuficiência intelectual por parte do professor, que goza da inteira confiança do aluno e de sua família para transmitir conhecimentos, para promover sua agenda ideológica pessoal", trecho da PL 1411/2015

A relatoria desse projeto está agora com o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF). Izalci é autor de de outra PL, a número 867/2015 que tramita na Câmara e que tem o objetivo de incluir entre as diretrizes e bases da educação nacional o Programa da Escola Sem Partido. (O deputado também tem uma série de processos judiciais. Em 2015 teve o sigilo bancário quebrado pelo STF, e responde à crime de peculato e omissão na declaração de gastos de campanha de 2006).

Cavando um pouco mais, encontra-se a PL 1859/2016, também de Izalci, com o conteúdo: "Acrescenta Parágrafo único ao artigo 3º da Lei 9.394/96". Ela insere o seguinte texto na PL 7180/2014:

"A educação não desenvolverá políticas de ensino, nem adotará currículo escolar, disciplinas obrigatórias, ou mesmo de forma complementar ou facultativa, que tendam a aplicar a ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou ‘orientação sexual.”

A proposta de lei vai muito mais além, e versa sobre como os filósofos Karl Marx e Friedrich Engels, autores do Manifesto Comunista, a Escola de Frankfurt, que debateu sobre a industria cultural no pós guerra mundial, e a União Soviética, vem tentando acabar com conceito da família tradicional.

Aprovação
O primeiro estado a aprovar a lei foi o Alagoas, com a pequena (grande) alteração no nome do projeto para “Escola Livre”, tornando-o mais discreto. Em outros 8 estados que são: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espirito Santo, Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Amazonas, o processo está tramitando nas câmaras legislativas. Em Goiás e no Paraná o projeto foi arquivado.

Na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o projeto foi aprovado integralmente pelo parlamento municipal gerando grande revolta em professores e alunos. Eles se insurgiram contra a decisão e fizeram diversos atos em frente à Câmara. O prefeito da cidade vetou a lei que voltou para a mão dos deputados, que frente à mobilização da categoria, resolveram fazer prevalecer o veto e derrubar a demanda.


O grande marco para tornar de conhecimento nacional o ESP foi, sem dúvida, a fatídica reunião no dia 25/05 entre o ator, Alexandre Frota, e o Ministro da Educação, Mendonça Filho. Recentemente introduzido às redes sociais como militante politico através do grupo Revoltados Online, Frota é conhecido por defender bandeiras da extrema direita em suas postagens.

Após a repercussão negativa, quase 40 dias depois, no último dia 6, Mendonça aparentemente voltou atrás no apoio à pauta de Alexandre Frota. O Ministro declarou:

“eu acho importante a pluralidade, amplitude, liberdade de expressão, liberdade de conhecimento, e espero que você possa acessar os conhecimentos sobre os liberalismos, sobre marxismos, sobre todas as correntes de pensamento de acordo com o currículo escolar. Acho que não vamos resolver essa questão criminalizando o professor, sinceramente eu não acredito que seja o caminho”.


O projeto deve seguir com o aval da nova formação do executivo construído no pós golpe. No último dia 8, Michel Temer se reuniu com 33 pastores evangélicos, liderados pelo deputado federal Robson Rodovalho, e prometeu aos religiosos que irá utilizar o MEC para analisar o combate ao que eles chamam de “ideologia de gênero”, termo criado para banalizar e esvaziar o debate de identidade de gênero, levantado pela comunidade LGBT.

"'Ideologia de gênero" é a expressão cunhada por fundamentalistas religiosos para deturpar o debate acerca de equidade e identidade de gênero -como se essa agenda representasse a abolição da diferença biológica entre os sexos- e, assim, enfraquecer a luta por direitos das pessoas transexuais e das mulheres em geral.”, disse sobre o termo o deputado federal Jean Wyllys, em texto no jornal Folha de S.Paulo.

Contracorrente
Professores, alunos, pais, pensadores, entre outros, se manifestaram contra o projeto, colocando o apelido sobre ele de "Lei da Mordaça", pois coíbe a função dos magistrados de discutirem política em sala de aula e impõe o crivo dos pais aos conteúdos lecionados.

"Qual a ligação entre esses dois temas, “escola sem partido” e “ideologia de gênero”, em momentos tão distintos? O que parece ter diferentes motivações e origens resulta dos mesmos elementos: os fundamentalismos conservadores que tentam passar às pessoas suas ideologias e crenças. Afinal de contas, não são apenas os pensamentos marxistas que são ideológicos, como tentam fazer crer os defensores da “escola sem partido”. Sendo assim, o que significa ideologia então?", questionou a Doutora em Educação pela PUC/SP, Cleomar Manhas, em artigo publicado no Outras Palavras.

Em entrevista dada ao portal El País Brasil, Renata Aquino, criadora da página Professores contra Escola Sem Partido, comenta: "eles acham que a escola está querendo impor ao aluno uma visão de mundo e violar aquilo que os alunos aprendem no espaço privado, nas suas casas. Mas eu entendo essa proposta deles como um avanço da esfera privada sob a esfera pública. Mas a gente não pode pensar uma democracia dando mais importância à esfera privada do que à esfera pública. Eles não querem que apareça família homoafetiva na escola, que apareça transexual... A escola tem que dar um jeito de ter educação, de ter ensino, sem citar toda essa diversidade que existe na nossa sociedade. Mas a escola não existe separada da sociedade".

O programa Havana Connection, do jornalista Leonardo Sakamoto, o assunto foi colocado em debate com o líder do MTST, Guilherme Boulos, o deputado federal, Jean Willys e a jornalista da rede Jornalistas Livres, Laura Capriglione.

"Eu acho lamentável quem fica propalando essa ideia de Escola sem Partido sem se perguntar qual é o partido que está por trás disso, e é óbvio que há. (...) Se formos procurar qual é, certamente chegaremos ao Temer, ao PMDB, ao PSDB, ao PP, ao PSC, a todos os partidos que urdiram e tramaram o golpe e hoje são hegemonia política no parlamento", afirmou o deputado Jean Wyllys.
"Qualquer coisa que permita uma problematização da realidade, uma crítica da forma como a gente vive, isso tudo está vetado pela escola sem partido, então tudo isso acaba com o professor", avaliou a jornalista Laura Capriglione.

O professor de História, Carlos Eduardo, que leciona na escola Caetano de Campos, pertencente à rede pública estadual de São Paulo, deu sua opinião sobre o projeto: "Acho que é muita pretensão acreditar que seria possível aplicar lógicas ideológica sem que exista uma reação a isso. Na verdade,acho que a escola é um grande espaço onde se pode experimentar o debate sem o cabresto ideológico tradicional. Inclusive as ocupações demonstraram isso. Alunos/as lideram suas próprias ideias e isso foi o que incomodou estes setores que defendem o escola sem partido".

Censura e perseguição
O discurso foi para a prática. A ideia de que os professores estão fazendo uma lavagem ideológica em anos totalmente inofensivos à isso, parece ter ganho adeptos em centenas de lugares e muitos profissionais passaram a ser assediados e mesmo demitidos por aulas que citem pensadores com a pecha de "comunistas" ou pertencentes à correntes de esquerda, como Karl Marx, por exemplo.

O caso mais recente foi o da professora Gabriela Viola, que da aula na rede pública do Paraná. Em menos de 24 horas após divulgar na internet vídeo em que faz uma paródia da música de funk, Baile de Favela, citando o filosofo alemão e falando sobre o capitalismo, ela foi afastada das salas de aula. Isso porquê o vídeo deu mais de 150 mil views após o comentarista de internet, Rodrigo Constantino, falar que ela estava promovendo uma "doutrinação marxista".

Uma das cartilhas do site da ONG Escola Sem Partido ensina o aluno a se defender desse tipo de catequese de esquerda que os professores aplicam, em sua visão. Dentre as orientações, algumas se destacam:

"adota ou indica livros, publicações e autores identificados com determinada corrente ideológica;" 

"exibe aos alunos obras de arte de conteúdo político-ideológico, submetendo-as à discussão em sala de aula, sem fornecer os instrumentos necessários à descompactação da mensagem veiculada e sem dar tempo aos alunos para refletir sobre o seu conteúdo;"

"utiliza-se da função para propagar ideias e juízos de valor incompatíveis com os sentimentos morais e religiosos dos alunos, constrangendo-os por não partilharem das mesmas ideias e juízos."

"A neutralidade é burra! Eu não posso induzir, manipular ou mesmo chantagear meus alunos/as a determinados caminhos! Eu preciso apresentar os instrumentais para que eles por conta e risco encontrem seus caminhos. Quem sou eu para dizer o que é certo ou errado, esquerda ou direita para alguém? Nós debatemos, conversamos, construímos caminhos e neles vamos até e onde podemos. Nenhum projeto pode domesticar uma relação histórica da sala de aula entre aluno/as e professor!", afirmou o professor, Carlos Eduardo.

Enquanto isso...
Estudante secundaristas se organizam por todo o país, não mais em uma onda de ocupações de escolas, mas fazendo parte do movimento de cultura, que ocupa prédios do Ministério da Cultura, em todo o Brasil, e de Fábricas de Cultura, em São Paulo. A Escola Sem Partido ou, mais precisamente, Lei da Mordaça, tenta coibir o livre pensamento e o direito de manifestação desses jovens que se insurgiram contra o sucateamento da educação através de professores que lhes semearam o saber.

Foto: Mídia NINJA
Foto: Mídia NINJA

Fonte: https://ninja.oximity.com/article/Escola-sem-partido-querem-calar-a-educ-1



Um chamado à luta em defesa dos direitos dos trabalhadores, hoje ameaçados pela ofensiva conservadora


ATENÇÃO TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

Nós, trabalhadores e educadores, estamos vivendo um momento muito perigoso. Além do governo do Estado ainda nos dever (retroativos, atrasos, etc.), a nível nacional estamos sofrendo um profundo ataque conservador, que se traduz na retirada de direitos trabalhistas e sociais, e no fim das liberdades democráticas. Projetos como o PL 257/15 (que retira direitos dos servidores públicos, como estabilidade e aposentadoria), o PL 867/16 (que censura os professores e destrói a proposta de educação libertadora) e uma série de ataques que visa destruir a CLT e impor o arrocho salarial, o aumento da jornada de trabalho (80h semanais??) e o fim de direitos históricos, podem se tornar realidade se nada fizermos. O golpe em andamento é sobretudo sobre a classe trabalhadora.

Não adianta mais só reclamar e seguir a vida como se nada tivesse acontecendo. É preciso lutar! A mobilização, a organização e a ação de todos é fundamental; participe das atividades convocadas pelo seu sindicato, converse e mobilize seus colegas. Somente a luta muda a vida! Unidos, somos muito mais fortes!





Edital de seleção de assessor jurídico (advogado) para trabalhar no Sind-UTE/MG


EDITAL INTERNO/EXTERNO

O Sind-UTE - Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, ABRE INSCRIÇÃO, no período de 13 à 26 de julho de 2016 , para exame de seleção, visando o preenchimento de vagas em seu quadro de funcionários, dentro dos critérios abaixo especificados:

FUNÇÃO: ASSESSOR JURÍDICO (Advogado)

EXIGE: 
  • Formação Acadêmica com a respectiva Habilitação Profissional (Registro na OAB); 
  • Experiência Profissional na área de Direito Público, Administrativo, Previdenciário e Constitucional; 
  • Jornada de Trabalho de ( 20 ) vinte horas semanais; 
  • Disponibilidade para trabalhar na Região do Sul de Minas: Campestre, Campo Belo, Caxambú, Itajubá, Passos, Poços de Caldas, Pouso Alegre, São Sebastião do Paraíso e Varginha. 
  • Afinidade e co-participação no movimento sindical; 
  • Disponibilidade para viagens. 
OFERECE: 
  • Remuneração mensal compatível com a função; 
  • Progressão salarial por tempo de serviço; 
  • Benefícios Indiretos (Ticket - Refeição, Plano de Saúde, Vale Transporte etc.)

Os interessados deverão enviar CURRICULUM VITAE por E-mail ou NO ENDEREÇO ABAIXO:

Sind-UTE/MG
Rua Ipiranga, n.º 80 - Bairro Floresta - CEP: 31.015-180
Fone: 3481-2020 Fax: 3481-2449
E-mail: drh@sindutemg.org.br
Informações Adicionais: Mateus e/ou Amanda
A vaga está disponível pela Catho: www.catho.com.br


OBSERVAÇÕES:

Só serão chamados para entrevista, os candidatos cujo CURRICULUM VITAE, forem pré - selecionados pela comissão da diretoria composta para esse fim.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano debate "Educação Pública, Democracia e Resistências"

Cerca de 500 educadores e educadoras, filiados/as ao Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), das redes estadual e municipais, e lideranças docentes do Brasil, Honduras, Argentina, Paraguai, Venezuela e México, participam, dias 7 e 8 de junho, em Belo Horizonte, do Encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano, que coloca em debate, a temática “Educação Pública, Democracia e Resistências”. 

Para o Sind-UTE/MG é esse um momento mais que oportuno para se fazer o debate e conhecer as realidades da educação pública dos países latino-americanos “Estamos envolvendo trabalhadores e trabalhadoras em educação da rede estadual e das redes municipais filiadas ao Sindicato para debatermos acerca das experiências dos povos latinoamericanos, que enfrentaram golpes de estado, governos neoliberais e discutindo sobre as consequências dos golpes para a educação. Importante percebemos como em outros países, os profissionais da educação articularam e articulam resistências”, afirmou a coordenadora-geral do Sindicato, professora Beatriz Cerqueira. 


Nas falas que se sucederam, foram considerados os muitos desafios que vão exigir da classe trabalhadora e dos movimentos sociais e populares mais união em torno de objetivos comuns, já que depois do golpe, o que vem são perdas de direitos e garantias. 

Reflexão

O presidente da CNTE e vice-presidente da Internacional da Educação (IE) Roberto Franklin de Leão fez falou de várias ofensivas neoliberais que o Brasil enfrenta de desmonte das políticas sociais e convidou a todos para uma profunda reflexão na construção de uma educação libertadora. 

Ele lembrou a importância de se relacionar com movimentos latinoamericanos, para consolidar essa força e referenciou a memória do educador Paulo Freire, que vem sendo deturpada por aqueles que defendem a educação como método de adestramento de pessoas. “Vínhamos construindo um projeto autônomo e libertador e um estado forte, que agora dá lugar ao estado mínimo, submisso às leis do mercado e que adota a política do abandono”, contextualizou.


Luta coletiva 

A força e a garra transformadoras da juventude, que tem se posicionado com vigor contra o golpe, os processos de privatizações da escola pública, da Petrobras, contra o capitalismo selvagem que saqueia e ameaça a soberania e a riqueza do nosso país, foram evocadas pela Secretária de Relações Internacionais da CNTE e Vice-presidenta da Internacional da Educação para América Latina (IEAL), Fátima Silva.

Ela também agradeceu a todos pela oportunidade do debate, ressaltando que esse é o primeiro encontro regional no Brasil. "Nos orgulha muito a luta coletiva. O momento pelo qual passa a América Latina exige diálogos específicos e queremos com esse encontro ouvir essas vozes”, destacou. 


E para que um encontro como esse? 

Ao responder a essa indagação, Fátima Silva, afirmou que é preciso fazer o debate, conhecer as realidades que nos cerca, para que possamos agir localmente e pensar globalmente, de maneira conjunta e coesa, com vistas a fortalecer a luta por uma educação emancipadora. Um exemplo dessa força aglutinadora vem da juventude, que segundo ela, tem sido o que há de mais belo no Brasil e na América Latina. 

As lutas da União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), com suas resistências e ocupações das escolas, têm fortalecido a luta contra a privatização da educação. A resistência que os jovens vêm fazendo ao governo interino e golpista de Michel Temer, que também são determinados ao dizer “Fora Aécio!” mereceram destaques nas falas da estudante Júlia Louzada, do Levante Popular da Juventude. "Seja na resistência, seja na conquista de novos direitos e avanços, estamos juntos na América Latina para construirmos uma identidade forte."


Para a estudante, os jovens da América Latina estão hoje carregando a identidade da juventude campesina, indígena, dos estudantes secundariatas e universitários, e também dos jovens da periferia que ainda não têm acesso à escola pública. 

Exemplo 

O Secretário Geral da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho, agradeceu a oportunidade dos educadores/as partilharem, mais uma vez seus conhecimentos e suas lutas, com as demais categorias de trabalhadores, lembrando que Central tem papel preponderante na defesa de direitos de quem trabalha. 


“Vocês nos ensinaram em 2011 muito do processo de resistência, com a criação do Quem Luta, Educa e, agora, de novo, num tema como esse de democracia e resistências, de tantas turbulências, em que vários companheiros de outras categorias se recolhem na questão do golpe, vocês estão aqui com plenário cheio mostrando que é possível resistir. Isso nos fortalece e nos encoraja.”

Não vamos nos iludir 

Ao parabenizar o movimento pedagógico latinoamericano, Joceli Andrioli, da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), mencionou o último período histórico em que, segundo ele, a classe trabalhadora foi levada a se iludir na possibilidade de uma convivência harmoniosa de classes e que, para isso, bastava apenas fazer belos acordos e belas negociações. “Com isso, perdeu-se a questão central que é a capacidade ideológica de se colocar como ator e sujeito da história. Então, a resistência implica em termos criatividade e sabedoria para darmos passos conjunturais e estratégicos e derrotar o capitalismo.”


Também alertou para a lógica da burguesia de tornar tudo o que é publico privado a fim de aumentar as taxas de lucro dos capitalistas. Neste contexto, ele disse que privatizar a educação é um carro-chefe do governo golpista, pois está em disputa uma grande parcela do orçamento. Outro alerta veio no sentido de que é preciso ficarmos atentos para as ameaças impostas à educação. “Para os inimigos, ela significa uma ferramenta de adestramento de trabalhadores e não de emancipação humana como dizia Paulo Freire”. 

Trabalhadora da Saúde, Dehonara de Almeida, representando a Marcha Mundial de Mulheres, ressaltou a importância das mulheres na luta contra a opressão e o machismo.


“Esse golpe é também contra as mulheres, porque não teremos políticas públicas de saúde e educação e isso significa sobrecarga de trabalho para todos nós”. Fazer o debate de gênero nas escolas e o cuidado da vida humana em detrimento do capital e do lucro foram citados por ela como fundamentais para o processo de emancipação das pessoas.

07/07/2016 – Mais de 500 educadores/as participaram o Encontro





07/07/2016 – Mais de 500 educadores/as participaram o Encontro

Textos: Studium Eficaz e Fotos: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Dia de cobrança ao governo do Estado

De volta à Cidade Administrativa, trabalhadores/as em educação, vindos de todas as regiões do Estado, e sob coordenação do Sindicato Único dos Trabalhadores/as em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), realizaram o Dia de Cobrança ao Governo do Estado, nessa quarta-feira, 6 de julho. O dia foi de paralisação das atividades nas escolas estaduais, Superintendências Regionais de Ensino e Órgão Central

A concentração teve início às 10 horas da manhã. Com apitaço, faixas e muita disposição, os manifestantes se mobilizaram na Cidade Administrativa que chega a receber por dia cerca de 30 mil pessoas. “Estamos fazendo esse dia de manifestação, com paralisação total de atividades, para cobrar do governo do Estado vários compromissos assumidos e pendentes até agora com a categoria”, disse a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira.

De acordo com a direção do Sindicato, o que motivou a mobilização deste dia foram demandas do Acordo assinado entre o Governo do Estado e a categoria, por meio do Sindicato em maio de 2015, e que ainda estão pendentes de cumprimento. São elas:

- o pagamento do retroativo do reajuste de 11,36% do Piso Salarial Profissional Nacional (fevereiro, março e abril deste ano);
- progressões na carreira a partir de janeiro deste ano;
- promoções na carreira desde setembro de 2015;

Além disso, o governo assumiu compromisso com correção das distorções das carreiras das Superintendências Regionais de Ensino (SREs), após uma greve de 86 dias do setor, em 2015. Até então, nada disso foi encaminhado.

Não aceitamos pagar a conta

A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG lembrou que este ano já foram realizadas sete agendas com o governo cobrando o pagamento do retroativo do reajuste. Ela afirmou que a proposta apresentada é parcelar em 12 vezes o pagamento referente ao retroativo do reajuste do Piso Salarial dos meses de janeiro, fevereiro e março. “Essa não é uma proposta que consideramos sequer possível de ser debatida. Não temos dúvidas de que todas as categorias são importantes, mas não aceitamos que a educação, que está na base da pirâmide, que tem a pior média de remuneração salarial do funcionalismo público, pague essa conta”, justificou.

A direção do Sindicato também argumentou que o objetivo desse “Dia de Cobrança” que acontece em todo o Estado tem o objetivo de dar visibilidade à pauta da educação e, ao mesmo tempo, pressionar o Governo que os/as trabalhadores/as em educação querem o cumprimento de demandas que afetam o cotidiano da escola. “Retroativos do Piso, progressões e promoções não foram pagas completamente para todos os que têm direito. Tudo aquilo que impacta nas negociações salariais e que já fizemos acordo para o conjunto da categoria, nós queremos ver cumpridos, assim como outras demandas que já começam a se acumular”.

Só a luta garante conquistas

O Sind-UTE/MG e os trabalhadores/as, segundo avaliações feitas durante a manifestação de hoje, acertaram na estratégia de prosseguir, sem interrupção, a luta. “Não paramos um só instante de fazer a disputa da nossa pauta e talvez até por isso estamos hoje buscando garantir o pagamento do retroativo do reajuste do Piso. Em outras épocas recentes nem se falar em Piso poderíamos”, destacou a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, que também lembrou o resultado recente das discussões e acompanhamentos feitos junto ao governo do Estado e Assembleia Legislativa. “Foi com a nossa participação, que conseguimos impedir que 15 mil cargos de professores dos anos iniciais e a carreira de Auxiliar de Serviços da Educação Básica fossem extintos com a Reforma Administrativa do governo”.

Cenários preocupantes

A Greve da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), que já passa de 60 dias e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) foram citadas como movimentos importantes que marcam o cenário de embates no Estado neste momento. No entanto, essa realidade não tem ganhado os holofotes da grande imprensa, o que segundo a direção do Sind-UTE/MG, pode ser vista como uma estratégia de invisibilizar as lutas dos trabalhadores.

Por várias vezes, os manifestantes se posicionaram com palavras de ordem “Fora Temer” para denunciar que também não aceitam os mandos e desmandos que vêm acontecendo no âmbito nacional. 

Os/as educadores/as estão certos de que as medidas anunciadas por meio do projeto “Uma ponte para o futuro” penalizam os/as trabalhadores/as de maneira irreversível. “Corremos sérios ricos de, em janeiro do próximo ano, não termos mais o reajuste anual do Piso Salarial, porque o governo golpista do Michel Temer prevê corte de bilhões de reais na educação. Então, a luta precisa continuar, até porque, a reforma da previdência, as ameaças que estão postas à aposentadoria para mulheres, os cortes no orçamento para educação e a saúde são reais. Além disso, se o Projeto de Lei 257 for aprovado e replicado nos estados teremos congelamento de salários e um forte ajuste em todos os setores. Sendo assim, só nos resta mobilizar, pressionar e resistir”, alertou a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG.

Próximos passos

Novas mobilizações serão convocadas pelo Sind-UTE/MG para pressionar o governo por retornos sobre o reajuste e carreira. 

06.07.16 - Trabalhadores/as em Educação mobilizados na Cidade Administrativa 

06.07.16 - De todas as regiões do Estado, trabalhadores/as em Educação mobilizados na Cidade Administrativa

06.07.16 - Educadores/as não se intimidam e permanecem firmes na luta!

06.07.16 - Coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, passa alguns informres aos educadores

06.07.16 - Trabalhadores/as em Educação mobilizados na Cidade Administrativa

06.07.16 - A luta é necessária! Diz Beatriz Cerqueira a trabalhadores/as em Educação mobilizados na Cidade Administrativa

06.07.16 - Trabalhadores/as em Educação marcam posição na Cidade Administrativa

06.07.16 - Trabalhadores/as em Educação marcam posição na Cidade Administrativa

06.07.16 - Trabalhadores/as em Educação mobilizados

06.07.16 - Somos da luta!

06.07.16 - Trabalhadores/as em Educação marcam posição na Cidade Administrativa

Fotos: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG

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