por Cássio Diniz*
É possível constatarmos, no tempo
presente, os fatos, os processos e as transformações que ocorrem em nossa
realidade? Ao questionarmos essa possibilidade, nos colocamos em uma busca incessante
por respostas que visam, até mesmo de certa forma utópica, evitar a repetição
de erros e equívocos perpetrados pela História. Aliás, como já dito antes, a História
só se repete como farsa ou como tragédia.
Vivemos um contexto político altamente
contraditório, e preocupante. Comemoramos os quase 30 anos de redemocratização
de nosso país, contudo, somos testemunhas de fatos que nos fazem questionar se
realmente vivemos em uma democracia tão defendia e irradiada pelos ideólogos do
status quo. Não me refiro aos casos
que ganham destaque na mídia, mas aos pequenos fatos que vivenciamos no dia a
dia. Gostaria de relatar um caso recente, entre tantos existentes.
Nas duas últimas semanas, a subsede de Caxambu
do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais – Sind-UTE/MG –
vem travando um debate com a Superintendência Regional de Ensino de Caxambu
acerca do ofício GS nº 001801/13, encaminhado a uma escola da cidade. Esse
ofício, como apresentado, proíbe o uso do recreio como parte do cumprimento do
1/3 de Hora-atividade – ou extraclasse, ou carga-horária, como alguns a referem
– apesar do Estatuto do Magistério (Lei Estadual nº 7.109/77), em seu artigo 99
permitir o seu uso. No entanto, parece que para o governo do Estado de Minas
Gerais, a legislação não vale nada diante do autoritarismo em voga.

Diante de tais acontecimentos, e
da falta de vontade por parte da representante legal da Secretaria de Estado da
Educação de Minas Gerais em nossa região, não restou alternativa a não ser
buscar caminhos mais duros. A subsede do Sind-UTE/MG protocolou nessa
sexta-feira (22/11) uma representação-denúncia no Ministério Público, buscando
ao menos um pouco de justiça para os professores.
Triste e lamentável termos um
poder público que preze pelo conflito, pela opressão e pela repressão com os
diferentes segmentos da sociedade. Triste constatarmos que a democracia que ensinamos
em nossas escolas não é praticada por aqueles que teoricamente foram eleitos
como nossos representantes. Lastimável ver que as próprias instâncias democráticas
estão sendo varridas do espaço público, em nome da defesa dos interesses da burocracia
dominante. Não obstante, diante de tal realidade, a indignação é a nossa arma.
É por meio dela que encontramos as forças para seguir lutando, objetivando
tanto as pequenas correções às injustiças cotidianas, como também a
transformação total de nossa realidade.
*Cássio Diniz, graduado em História pela
Universidade Salesiana de São Paulo e mestre em Educação pela Universidade Nove
de Julho, professor da rede estadual de Minas Gerais e autor de livros e
artigos sobre educação e trabalho docente.